Regime de Informação sobre serviços de atenção à Mulher

O Projeto Regime de informação da rede de atendimento à mulher em situação de violência, é continuidade das pesquisas teórico-práticas que vêm sendo desenvolvidas no âmbito da Linha Pesquisa Regime de informação e aprendizagem em redes digitais, vinculado ao Laboratório de estudos em representação do conhecimento, competências e comportamento em informação e recuperação da informação em meio digital (LabRecrie).

Coordenado pela Profa. Dra. Bruna Lessa (UFBA), é caracterizado como projeto transversal no âmbito das teorias e práticas dos domínios da Biblioteconomia e Ciência da Informação, no que tange aos Regimes de Informação e a Organização e Representação da Informação, e de tecnologias habilitadoras, relacionados aos estudos em Humanidades Digitais, utiliza também de fundamentos no domínio da Ciência da Computação, aproximando das técnicas utilizadas para análise de redes e georreferenciamento.

Objetivo Geral

Identificar o conjunto de ações de informação realizadas pela Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência do estado da Bahia, sobretudo os Núcleos de Atendimento à Mulher e os Centros de Referência de Atendimento à Mulher, para aprendizagem coletiva, troca de conhecimentos e construção de produtos que contribuam para políticas públicas voltadas para mulheres.

Objetivos Específicos

  • Categorização das ações de informação (González de Gómez, 2003) da Rede de Atendimento à Mulher (RAM) (etapa 1);
  • Identificação dos principais dispositivos mediadores nas interações entre a rede e a sociedade (Fidelis; Gomes, 2022) (etapa 1);
  • Representação da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência do estado da Bahia (mediadores, atores, dispositivos, produtos) (etapa 1);
  • Fortalecer as políticas públicas voltadas para mulheres (etapa 2);
  • Identificar o comportamento informacional de mulheres na busca por serviços de atendimento e rede de apoio (etapa 2);
  • Desenvolvimento de ferramenta tecnológica para acesso e uso dos serviços de atendimento à mulher (etapa 2);

Concepção e Justificativa

A concepção desta ideia, parte do entendimento de que o regime informacional que contempla o estudo das relações entre humanos e não-humanos (instituições, serviços, dispositivos, etc.), pode transformar a estrutura social, sobretudo no que tange as formas e meios de acesso a informação, apoiado no compartilhamento da memória, da percepção e da imaginação, da aprendizagem coletiva e troca de conhecimentos.

Este estudo se justifica por além de propor representação da informação sob múltiplas formas socioculturais e políticas de produção de sentido, estipula um domínio relacional, ao representar o valor da informação no âmbito governamental sobre o direito da Mulher, com vistas a fomentar a disseminação da informação sobre esta temática, ao identificar o regime informacional dos serviços de atendimento à mulher, seja por meio das ações de mediação, ações formativas e ações relacionais, respectivamente.

Tais ações, apresentam-se também, como estratégias que possibilitam a promoção de iniciativas de apropriação e uso de dispositivos públicos e participação da comunidade para contribuir na formação de planos de desenvolvimento local.

Financiamento e Apoio

O Projeto conta com financiamento para iniciação científica, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, da Universidade Federal da Bahia, desde 2023, com estudantes de graduação de diferentes cursos, por exemplo, Biblioteconomia, Arquivologia, Psicologia e Computação, contando também com apoio de pessoas voluntárias, estudantes de graduação, pós graduação e profissionais externos à UFBA.

Além disso, contou com o apoio do Programa de Apoio a Jovem Pesquisador, através do Edital PRPPG-UFBA 010/2024.

Categorização das ações de informação

As ações de informação são realizadas por sujeitos sociais em diversas atividades e áreas do conhecimento, e estão relacionadas à construção e transformação dos regimes de informação que direcionam o fluxo e distribuição de informações entre os sujeitos e grupos.

Ação de Mediação

Ocorre quando a ação de informação atua como mediadora em um contexto mais amplo. Envolve o estabelecimento de canais de comunicação eficazes, compartilhamento de informações relevantes e a colaboração entre os diversos atores envolvidos na Rede.

Ação Formativa

Orientada para a informação não apenas como meio, mas como um fim em si mesma. Inclui a construção de produtos de informação para aprendizado e formulação de políticas públicas voltadas para mulheres em situação de violência.

Ação Relacional

Diz respeito à interação entre diferentes ações de informação, ampliando o espaço de realização e possibilitando novas formas de controle e monitoramento de mulheres em situação de violência.

Categorização das ações de informação dos atores da Rede de Atendimento à mulher em situação de violência segundo suas funções e objetivos

COMPETÊNCIA ATORES MEDIACIONAL FORMATIVA RELACIONAL
Jurídica Vara especializada (juizados) - julgamento dos casos de violência contra a mulher, garantindo a aplicação da Lei Maria da Penha e a proteção dos direitos das vítimas; - promoção da formação de magistrados e servidores judiciais sobre a Lei Maria da Penha e os direitos das mulheres, para aprimorar a aplicação da legislação e a qualidade das decisões judiciais; - promoção da integração e articulação entre os diferentes atores envolvidos no enfrentamento da violência de gênero,
Defensoria Pública - oferecimento de assistência jurídica gratuita às mulheres em situação de violência, auxiliando na solicitação de medidas protetivas, orientação jurídica e acompanhamento dos processos judiciais; - capacitar defensores públicos e equipe técnica sobre a atuação na defesa dos direitos das mulheres, contribuindo para a qualificação do atendimento jurídico e a garantia do acesso à justiça - oferecer suporte jurídico e emocional, e encaminhar para os serviços especializados;
Promotoria de Proteção dos Direitos das Mulheres (MP) - representação dos interesses da sociedade e das vítimas de violência doméstica, promovendo a responsabilização dos agressores e a garantia dos direitos das mulheres - formação de promotores e procuradores sobre a atuação na área de violência de gênero, capacitando-os para a investigação, denúncia e acompanhamento dos casos de violência contra a mulher - estabelecer relações de parceria com as instituições da rede de atenção, atuando em conjunto para garantir a efetivação dos direitos das mulheres, a responsabilização dos agressores e a prevenção da violência de gênero
Segurança Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM's) - intermediação do acesso das mulheres em situação de violência aos serviços de proteção e assistência e órgãos de segurança pública;
- solicitação e garantia do cumprimento das medidas protetivas e a segurança das mulheres em situação de violência
- promoção da conscientização e a educação sobre os direitos das mulheres, a Lei Maria da Penha e as formas de violência doméstica;
- prevenção e o combate à violência de gênero;
- orientação e capacitação para as equipes de segurança pública sobre o atendimento adequado às vítimas de violência doméstica, para aprimorar as práticas de proteção e assistência
Ronda Maria da Penha - potencializar o registro de ocorrências, e o encaminhamento para suporte psicossocial e jurídico; - promoção da escuta qualificada, acolhimento humanizado e encaminhamento para os serviços especializados;
- desenvolvimento de relações de proximidade e confiança com as vítimas de violência doméstica;
- realização de visitas periódicas para verificar a situação de segurança e encaminhar para suporte emocional e jurídico, fortalecendo o vínculo de confiança e proteção.
Assistência social/Acolhimento Casas de Abrigo - coordenação de ações e atividades dos diversos atores da rede, garantindo uma abordagem integrada e colaborativa no atendimento às mulheres em situação de violência. - geração de informações significativas e relevantes para a formulação de políticas públicas voltadas para mulheres em situação de violência; - definição de indicadores-chave, e coleta de dados específicos;
- análise aprofundada das necessidades e desafios enfrentados pelas mulheres na rede de atendimento
- estabelecimento de conexões significativas entre as informações coletadas na rede de atendimento à mulher em situação de violência e as demandas por políticas públicas;
- identificar lacunas na prestação de serviços;
- avaliar a eficácia das intervenções existentes;
- propor recomendações baseadas em evidências para melhorar a qualidade e o alcance dos serviços oferecidos
Casas de Acolhimento
Núcleo Especial de Atendimento à Mulher (NEAM's) / Núcleo de Atendimento à Mulher (NAM's)
Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM's)
Saúde Hospitais da Mulher - disponibilização de atendimento médico e psicológico às vítimas de violência, realizando o acolhimento inicial;
- identificação de sinais de violência e o encaminhamento para os serviços especializados, como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs);
- notificação dos casos de violência contra a mulher às autoridades competentes, contribuindo para a proteção e assistência às vítimas
- formação e capacitação das equipes de saúde sobre o acolhimento às vítimas de violência;
- sensibilização dos profissionais de saúde sobre a importância do protocolo de atendimento às vítimas de violência, a abordagem humanizada e a garantia da confidencialidade e segurança das mulheres atendidas
- estabelecimento de parceria e colaboração com os órgãos da rede de atendimento à mulher em situação de violência,
- encaminhamento adequado das vítimas para os serviços especializados e a continuidade do atendimento
Fonte: Lessa, Crosara e Cupertino (2025).

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